segunda-feira, 6 de junho de 2011

Patricia Kogut critica "A Mulher Invisivel"



Série produzida pela Conspiração para a Globo, “A mulher invisível” estreou na última terça-feira com ótima audiência (25 pontos), o que mostra que o público se deixou seduzir pela ideia proposta. Resumindo, o roteiro de Guel Arraes, Cláudio Torres (também diretor-geral), Mauro Wilson e Leandro Assis trata de uma mulher que não existe de fato, Amanda (Luana Piovani), mas cuja presença, ainda que fantasiosa, se impõe a Pedro (Selton Mello) a ponto de atrapalhar seu casamento com Clarisse (Débora Falabella). Amanda, embora fruto da imaginação de Pedro, acaba contaminando de tal modo a vida dele que passa a “existir” também para os outros personagens. O programa retrata, assim, de maneira criativa, o eterno jogo amoroso.


A busca pelo par ideal poderia percorrer muitos caminhos narrativos, dois deles bem óbvios: o humor ou o retrato de sua face melancólica. Mas “A mulher invisível” ficou devendo seja em humor, seja em densidade. Foi difícil rir com alguma situação nonsense. E, superficial demais, o programa não provocou qualquer reflexão sobre relações amorosas. No fundo, trata-se de uma boa sacada — usar como personagem uma mulher que não existe — que caiu no desperdício.


Se Amanda é uma figura que pertence a outra dimensão, faltou o contraste com os demais. Ninguém ali parece muito real. Amanda lembra uma ideia de um publicitário e esta ligação é feita pelos roteiristas até de maneira explícita. Mas o problema é que tudo o mais também se assemelha ao mundo da propaganda: Pedro, Clarisse, os cenários, as locações, a luz, tudo. Selton e Débora são atores excelentes e brilharam. Luana, mais irregular, já teve momentos melhores na TV. Na cena em que sua personagem apareceu no alto de um prédio antes de se jogar, a atriz parecia pouco à vontade, praticamente recitando o texto. A personagem, a mulher ideal, é fruto da imaginação de Pedro, não uma boneca, tem uma “existência” concreta. A mulher ideal faria melhor.

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